Capitulo 3
Ao passarem estas duas semanas ainda não consegui, falar com ninguém, as únicas pessoas que vejo são os meus pais e o meu primo, e é apenas porque vêm cá a casa.
Tenho o telemóvel com mensagens, recebo todos os dias, mas o seu número tem vindo a diminuir à medida que o tempo avança, não podia estar mais agradecida, continuo sem responder.
Acho que vou passar uns dias a casa da minha avó, em La Push, não é muito longe daqui, sendo que vivo em Port Angeles, mas não estou sempre a pensar que eles podem vir à minha porta para querer conversar outra vez.
Ouvi um bater na porta. Era a minha mãe:
-Querida, que se passa, estás tão em baixo. Desde que acabaram as aulas não reages, nem ainda pegas-te na tua guitarra. – olhou para a minha guitarra acústica no canto do quarto. – Já me podes contar o que se passou? Só tens falado com o Andrew.
-Foi na festa de final de ano. – não consegui dizer que foi em casa da Kat.
-Aquela em casa da Kat, quando dormiste em casa do teu primo?
-Sim essa. Nessa noite encontrei o Peter com outra rapariga.
-Por isso estás assim à tanto tempo, eu…
-Mãe, eu sei tu avisaste-me que ele não era grande coisa. A culpa é minha que não te dei ouvidos.
-Não minha querida, a culpa é dele, que foi estúpido ao ponto de te fazer uma coisa dessas. Conheces a rapariga, era da tua escola?
-Kat. – foi tudo o que disse e a minha mãe abraçou-me. Nesse momento senti-me protegida.
-Mãe, achas que posso ir passar uns tempos a casa da avó? –tinha de perguntar agora, para começar já a fazer as malas.
-Por mim tudo bem e sabes que a avó adora-te ter lá com ela. Quando é que queres ir?
-Amanhã?
-Já tão cedo, não queres ficar mais uns dias?
-Não, quanto mais cedo melhor.
-Ok, vou telefonar à tua avó a dizer que amanha te levo a casa dela. – enquanto falava ia-se dirigindo até à porta do meu quarto. – Xau, até já.
-Adeus, mãe.
….
Domingo de manha, levanto-me cedo, com as malas arrumadas desde o dia anterior, preparo-me para ir para a casa da minha avó. Os meus pais e os meus tios aproveitaram a viagem e fizeram um almoço em família na casa da avó Martha.
A viagem foi bastante calma, o caminho torna-se curto, e sempre a ouvir as músicas do meu iPod.
Quando chegamos a minha avó veio-me o seu abraço característico, ninguém me dava um abraço como o dela, tão caloroso, mesmo que não me visse à um dia, o seu abraço é sempre igual.
Fui para o “meu quarto”, não é meu de verdade, mas sempre que venho para a casa da minha avó fico sempre nele. Coloquei as malas em cima da cama, para as desfazer depois. A minha avó apareceu à porta.
-Querida, fico contente por quereres passar aqui uns tempos.
-Eu também.
-Mas agora anda descer, porque o almoço já está pronto. – disse-me sorrindo.
Levantei-me da cama e desci as escadas em direcção à cozinha, o almoço era bacalhau com natas. Este almoço em família deu para descontrair um pouco e deixar de pensar em certos assuntos.
…
Estou em casa da avó à quase duas semanas, falei com o meu primo hoje por telefone, ele disse-me que o Peter foi a casa dele perguntar por mim, e que a Kat foi à minha, não sei se combinaram mas parece que sim. Parece que eles continuam a sair, pelo menos falam um com o outro. Também o que os impede de saírem juntos, já não quero saber de nenhum dos dois. Mas quando penso nisso dá-me uma dor no peito.
-Madison, podes ir à padaria? – perguntou-me a minha avó.
-Agora, tem mesmo de ser?
Não me apetecia nada sair de casa, mas lá agarrei na carteira e fui até à padaria/pastelaria onde íamos sempre.
Quando entrei não reparei, nem mesmo quando fiz o meu pedido, mas quando ia a pagar levantei mais a cabeça para dar o dinheiro e foi quando o vi. Com um sorriso envergonhado, acho que nesse momento corei tanto, que fiquei mais vermelha que o costume.
-Olá! – disse ele
-Olá! – será que eu bloqueio sempre?
-É só o pão?
-Hum…? Sim é, se faz favor.
-É 1€. – dei-lhe o dinheiro. – Sou o Daniel, mas tratam-me por Dan. E tu?
-Madison, mas tratam-me por Maddie. – OMG! Corei tanto como à muito não corava.
-Obrigado. – disse ele, ao esticar a mão para me dar o recibo – E…até amanha.
-Obrigado. – e sorri, não sei porquê fiquei sem saber o que dizer. Fiz adeus e sai.
Fui para casa, mas sempre com a cabeça na padaria, quer dizer no rapazito da padaria/pastelaria é mais assim.
Nessa noite pensei se algum dia poderia ou se conseguia voltar a fazer amigos, depois de ser traída pela melhor amiga, onde esperamos que seja um ombro amigo e que nunca nos desiluda, e depois ser traída pela pessoa por quem nos apaixonamos.
Lembrei-me que há dois dias andava eu a vasculhar o sótão, encontrando memórias à medida que via algumas das minhas coisas de infância que ficaram em casa da minha avó. A maior parte das coisas nunca saiu de casa dela era onde eu passava a maior parte do tempo, sempre que eu podia era para lá que eu ia.
FLASHBACK – ínicio
-Olá, querida o que andas à procura no meio de tanta caixa? – perguntou-me a minha avó, quase que saltei de susto, estava tão concentrada no meu mundo.
-Olá avó, estou só a ver umas coisas nada em especial – e era verdade estava ali para não pensar noutras coisas.
A minha avó foi buscar uma caixa que continha coisas da minha mãe quando era adolescente, alguns livros da escola e uns cadernos que na lombada cada um deles tinha marcado o ano em que pertencia.
-Estes são os Diários da tua mãe, ela tinha que andar sempre com um caderno destes com ela, e todos os anos comprava um novo. Estão ai desde que ela se casou e saiu desta casa, nunca ninguém os leu sem ser ela.
-Não fazia ideia que a mãe escrevia em Diários. – comecei a ver a quantidade de cadernos de vários feitios que se amontoavam naquela caixa.
Fiquei tão absorvida por aqueles livros e com os meus pensamentos que nem dei pela minha avó ir embora.
FLASHBACK-fim
Depois destes dois dias, fui à papelaria comprar um caderno, quando cheguei a casa fui para o meu quarto e comecei a escrever.
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