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domingo, 17 de outubro de 2010

Sangue Cruzado - 8º Capítulo

8º Capítulo

Senti-me um pouco mal depois daquilo tudo. Por ter berrado com o Fred sem razão nenhuma. Apesar daquele ataque de dor que me percorrera o corpo todo ontem, sentia um aperto no coração que me atacava minuto após minuto. Tinha que o encontrar. Tinha mesmo. Levantei-me da cama, pondo fim à influência que o sono exercia sobre mim. Olhei pelo vidro da janela do quarto e vi que a noite já havia chegado, juntamente com o seu manto escuro para dar fim ao dia. Vesti-me rapidamente e calcei umas sapatilhas pretas que estavam juntas das restantes que estavam espalhadas por ali. Céus. Tenho mesmo que fazer uma arrumação geral.
Saí do quarto e fui até à recepção. O homem ou estava numa espécie de transe meditativo ou fazia sons estranhos enquanto dormia. Soube que não ia conseguir nada ficando ali especada a olhar para aquela pessoa que nem um mínimo de higiene parecia ter. Talvez o Fred esteja no quarto dele. – Pensei. Então fui até lá e bati à porta. Nada. Ninguém respondia. Bati novamente, mas nada se ouvia. Levei a minha mão até à maçaneta da porta e esta girou livremente, abrindo caminho para entrar. Parecia incrível. Havia uma enorme cama no centro e um armário à sua frente. Duas mesas-de-cabeceira em ambos os lados, com 2 candeeiros por cima.
Não estava mesmo lá ninguém. Saí devagarinho do seu quarto, sem deixar a mais pequena pista de que estivera lá. Fechei cuidadosamente a porta e mesmo quando me voltei, ele estava à minha frente. A olhar para mim fixamente, sem nunca o desviar. Raios. Que grande susto que me pregara. Tinha logo que aparecer assim daquela maneira.
- Tens que aprender a ser menos sorrateiro. – Sugeri.
- E tu tens de aprender a não entrares nos quartos das outras pessoas. – Sorriu de forma matreira. – De qualquer forma, o que é que procuras?
- Queria falar contigo. Queria pedir-te desculpa pela forma como te falei hoje de manhã. É que não estou habituada a estar acordada àquela hora.
Lançou-me um sorriso aberto e os seus olhos vermelhos fitaram os meus ternamente. Eram realmente assustadores, mas reflectiam uma necessidade qualquer de ajuda, de um acolhimento por parte de uma pessoa. Mas não sabia se estava certa ou errada. Ultimamente já não tinha a certeza de nada. Ele foi-se aproximando cada vez mais até estarmos a uma distância considerável de os nossos corpos se tocarem. De repente, o meu coração começou a bater desenfreadamente.
- Não faz mal. – Murmurou de forma estranhamente querida. – Também não devia ter-te incomodado.
- Queres ir lá fora ver como está a noite? – Perguntei deliberadamente.
- Claro. – E novamente vi aquele esbelto sorriso desenhado nos seus lábios.
Tinha que manter na mesma a máxima cautela. Nunca se sabe o que pode acontecer. Fechara-me sempre contra todos desde que fora marcada. Com o Povo da Fé a dedicar os seus tempos livres a matar todos aqueles que eram como eu, que seguiam a deusa Nyx, todo o cuidado era pouco. Mas Fred era diferente. Não vi nele nenhum indício de maldade embora os seus olhos escarlates reflectissem exactamente o contrário. Saímos do motel e caminhamos até às traseiras. A noite continuava na mesma, com a excepção de haver pontinhos brilhantes em cada canto seu.
Sentei-me na relva, enquanto ele fazia o mesmo. Estivemos algumas horas a contemplar o céu e o raro cenário que nos oferecia. Normalmente, não costumava haver noites assim em Vancouver. Só mesmo quando alguém dava a devida atenção às maravilhas que a Natureza tinha para oferecer. E certamente, esta era uma delas. Raros eram estes momentos e só seriam mesmo especiais quando se tinha alguém com quem partilhá-los. Por mais estranho que possa parecer, Fred era o único que estava a meu lado. Naquele preciso momento.
A minha vida parecia uma autêntica balança com as duas hipóteses que a mudança trazia: mudar por completo dum lado e morrer do outro. Ambas equilibradas para que nenhuma pudesse prevalecer sobre a outra. Mas algum dia isso haveria de mudar, porque a mudança tinha um objectivo que já era claro o suficiente para alguém como eu perceber. Por vezes, não queria compreender. Mas era mais do evidente que aquela decisão não era eu que haveria de tomar. Estava tudo nas mãos de Nyx. Ela abençoava-nos com a sua marca por alguma razão. E não acredito que ninguém deseje a morte a outra pessoa. Apenas tinha que ter paciência quanto a isso.
A sua mão pousou suavemente sobre a minha, fazendo-me corar pela segunda vez. Quantas vezes é que isto me vai acontecer? Virei a minha atenção para a sua face e vi que me olhava ternamente. O seu olhar era fulminante assim como o vermelho neles o demonstrava, mas a necessidade nadava neles, procurando ainda algo que eu não sabia o que era.
- Sabes o que é melhor nisto tudo? – Perguntou, entrelaçando a sua mão por completo na minha.
- O quê? – Perguntei nervosamente. Já naquela situação era-me quase impossível falar. Nunca estive assim tão próxima de alguém como estava com ele.
- É que a estrela mais brilhante de todas não está no céu. – Sorriu e continuou. – Desceu à terra e tornou esta vida melhor do que antes. E essa és tu, querida Scarlett.
Paralisei automaticamente. Enquanto a sua mão continuava junto à minha, a outra fora ao encontro da minha cara, acariciando-a sossegadamente. Os seus olhos brilhavam agora de uma forma intensa que eu desconhecia e os seus lábios foram pela primeira ao encontro dos meus, enquanto um sorriso brotava tanto dos meus como dos dele. Apesar de tudo ter acontecido tão repentinamente, eu não me importava. Já não havia razão nem limites. Era simplesmente Scarlett e ele era simplesmente Fred. Juntos num momento simples e realmente único. Nada mais.

2 comentários:

Stefany disse...

ual foi d+
será que o corpo dela vai regeitar a transformação?
e será que ela vai ficar com Fred tomara que sim eu amei de verdade.
Não pare de escrever quero ler até o final pois é simplesmente D+.

Patrícia disse...

Que lindo!!
Escreves muito bem mesmo.
Estou curiosa para ver o que vai acontecer!
Continua porque estás a escrever maravilhosamente!
Parabens