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domingo, 27 de março de 2011

As Mestiças2 - 11º capítulo

Espero que gostem!
Obrigada por todos os comentários! São o meu combustível para continuar a escrever!
E agora, o capítulo:

Capítulo 11

Eu, a Sel, a tia Nessie e a minha mãe fomos andando até ao edifício dois e entrámos. Existiam laboratórios de análise, morgue, banco de sangue, salas de radiografias e outras coisas arrepiantes que os médicos tinham. Claro que não estava à espera de uma espécie de livraria ou algo parecido, mas também não pensava ver tantas coisas que me arrepiavam. Ao contrário de mim, Sel estava radiante com aquilo e descontraiu logo, dizendo os nomes deles para mim, para a Nessie e para a minha mãe, com um sorriso nos lábios. Ela sabia os nomes de tudo! Meu Deus, espero bem que a minha memória fotográfica seja mesmo boa!
Entrámos na sala 224, ou seja, edifício dois, segundo piso, sala quatro. Eu sei, pode parecer estranho, mas é mesmo assim. A sala tinha carteiras individuais, umas para canhotos, outras para destros. As cadeiras estavam todas colocadas em seis filas, com dez cadeiras cada uma e o piso era a descer.
Sentámo-nos todos uns ao lado dos outros e Sel ficou ao meu lado e a tia Nessie do outro. A minha mãe estava do outro lado da Sel e tinha um sorriso quase imperceptível nos lábios. Tinha que lhe perguntar o porquê.
O professor entrou na sala e a aula começou, inicialmente com as apresentações e depois fez uma breve revisão dos anos anteriores de Biologia. Sel tinha um brilho especial nos olhos e olhava para o professor com muita atenção seguindo cada gesto dele e por vezes via a sua mão a mover-se no papel mas os olhos colocados no professor. Essa era uma das habilidades da Sel: ela não precisava de olhar para o papel e escrever o que estava a ouvir. Eu sei, a minha linda é muito inteligente!
O resto das aulas decorreu como a primeira e acabaram à hora de almoço. Almoçámos todos (com o meu pai e com o tio Jake) num restaurante pequeno que lá havia e depois voltámos para as aulas. Foram mais três horas a ouvir os professores, e depois as aulas tinham acabado definitivamente.
-Preciso de caçar, queres vir? – perguntou a minha mãe quando saímos da aula, bem baixo, de maneira a Sel não ouvir.
-Sim, pode ser. Deixa-me só ajudar a Sel mudar as coisas dela para o campus e depois podemos ir – falei também no mesmo tom.
-O Jake falou hoje de manhã que podíamos ir todos logo à noite – informou a Nessie.
-É preciso caçar mais longe – respondeu a minha mãe. – Estava a pensar em irmos mais para Sul, para não darmos muito nas vistas.
-Pode ser – falei e retomei a atenção para Sel. – Gostaste deste primeiro dia?
-Sim, muito. Mas segunda é que vai começar a sério – disse ela e sorriu.
-Também gostei – afirmei e não evitei em sorrir-lhe.
-Oi! – exclamou Jenny aparecendo por trás. – Como foram as vossas aulas?
-Correram bem – respondeu Sel. – E as tuas?
-Igualmente. Só houve um professor que era uma espécie de corcunda com uma verruga ao pé do nariz, do qual eu não gostei.
-Qual é a disciplina? – perguntei.
-Filosofia.
Gargalhei e recebi de imediato os olhares furiosos de Jenny e Sel.
-OK, desculpem. Foi mau – disse e baixei os olhos.
-Olá pessoal! – exclamou o meu pai, abraçando a minha mãe por trás. – Como foram as vossas aulas?
-Bem – respondeu a minha mãe. – E as tuas?
-Também. O Jacob é que já causou má impressão ao professor de métodos de condução de energia.
-O que aconteceu, amor? – indagou a tia Nessie, olhando para ele preocupada.
-Oh, por favor! Não foi nada de mal. Não te preocupes.
-Quero saber – exigiu Nessie.
-OK, eu conto.
-Se não contares, conto eu – ameaçou o meu pai.
-Ahah, muito engraçado – falou Jacob irónico. – Não vai ser preciso a tua ajuda para explicares, obrigado.
-Fala! – exclamou Nessie.
-OK. Foi assim: eu estava muito bem a ouvir o professor a falar dos métodos de condução de energia, quando ele começou a falar dos trabalhos antigos dos alunos do ano passado e eu disse-lhe que conseguia fazer muito melhor. Ele, claro, ficou muito irritado por lhe ter dito que conseguia fazer melhor e…
-Começou aos berros a meio da aula a dizer que os jovens são uns delinquentes com o nariz empinado e não sabem nada da vida – completou o meu pai.
-Eu disse que não precisava da tua ajuda para explicar.
-Eu não disse que tinha aceite essa ordem – disse o meu pai, olhando-o em jeito de desafio.

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