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segunda-feira, 7 de março de 2011

Eternity - 4º Capítulo, 1ª Parte


Capítulo 4 - Parte 1

Apesar do súbito percalço que queria tomar em relação a Rachel e a Paul, mantive-me encostada ao pequeno sofá que fazia frente a um outro. De uma forma repentina, algo em mim me avisara da missão que me fora incumbida, o que estranhamente me trouxe saudades daquele paraíso que fora o meu lugar especial durante anos. Estava fora apenas há dois dias, o que relativamente falando não parecia nada de especial. Mas saudades em tão pouco tempo? O que realmente sentia mesmo falta era de ver a minha família de novo. Apenas uma vez mais…
- Estás bem, querida? – Perguntou a senhora Howell, relaxando a sua mão dócil com que me acolhera a noite passada e estendendo-a na minha direcção, colocando-se sobre as minhas.
- Não se preocupe. – Respondi, tentando forçar um sorriso honesto. – Vou ver se conheço um pouco a cidade.
- Mas se és nova por cá, não conheces mesmo nada. – Interpôs Rachel, pegando num braço de Paul fazendo com que este se levantasse e quase deixado cair um pedaço de pago por cima da carpete da sala. – Leva-a a dar uma volta e mostra-lhe a reserva. De certeza que ela iria gostar imenso.
Segundos depois, trocavam olhares cúmplices que quase me incomodaram por dentro. Decididamente eram namorados. Mas fazer aquele tipo de figuras logo à frente da senhora Howell, até parecia mal. Mas lá que era engraçado, era. Isso não se podia discutir nem nada do género. Levantei-me descuidadamente do sofá, ajeitando depois a camisa branca que me tapava até aos joelhos. Ouvindo as indicações que Christine me dera quanto à minha roupa, apenas tive que me dirigir até a uma outra sala quase paralela àquela onde estava e substituir tudo o que estava a usar pelas minhas roupas.
Voltei à sala e Paul já se encontrava de pé, encostado ao sofá onde Rachel ainda trocava palavras aleatórias com a senhora Howell. Dirigi-me até à entrada e saí, enquanto Paul fazia o mesmo. Caminhou até à outra ponta exterior da casa, onde uma mota estava lá estacionada. Deveria ser dele. Ligou-a, pegando fundo na velocidade até que chegou perto de mim. Parou um bocado e estendeu-me um capacete. Não queria ter de andar naquilo, mas parecia que não tinha escolha nem alternativa possível.
Meti o capacete na cabeça, sentando-me no lugar atrás do Paul. Avisou para me segurar a ele, senão ainda corria o risco de me desequilibrar e cair. Quando estava perto de pôr os meus braços à sua volta, hesitei. Por muito que parecesse natural naquela situação, senti-me envergonhada. Mas ao fim ao cabo, tivera que o fazer. As minhas mãos tocaram o seu peito, agarrando-se firmemente. Uma corrente eléctrica invadiu-me o pensamento e um estranho calor fez-se percorrer pelo meu braço. Mas o que teria causado aquelas evidências que já de si eram demasiado estranhas e puramente repentinas?
Cruzamos várias estradas que pareciam ter sido arranjadas, com uma nova mas ligeira camada por cima. Entramos por zona florestal que eu própria desconhecia. Já não sabia de todo onde estava, embora Paul não tivesse quaisquer problemas. Apenas seguiu por um estranho caminho que quase nem se via que ia ficando cada vez mais estreita à medida que avançamos ainda mais para a clareira da floresta. O vento amansava as folhas das árvores altas, sussurrando pequenos assobios que transpareciam com a luz do sol. Senti alguma coisa estranha no ar que me causou um frívolo arrepio, algo que nunca havia sentido antes na minha eterna (e amaldiçoada) vida.
Senti-me cada vez mais estranha a cada momento mais aproximado e isso chegava inclusive a assustar-me. Tal sensação nunca sentira e isso era mais que evidente que alguma coisa ia acontecer ou estava alguma coisa pelos trilhos que não seria nada amistosa. Por vezes, a minha imaginação levava-me a crer em muitas coisas mas com tudo o que se passara até agora, (inclusive até atingir as peripécias da eternidade em forma de anjo, o que preferia negar) nada me faria ter mais certeza dos meus instintos e do pressentimento que tivera. Os músculos das minhas mãos ficaram cada vez mais tensos, puxando cada vez mais o corpo de Paul para junto do meu.
Vi um sorriso formar-se nos seus lábios, o que me começava a dar a ideia que ele estava a perceber que eu estava com algum receio. Tudo aquilo fazia sobressaltar a mais pequena e remota ideia do que se passaria por aquela zona, o que fazia sobressair ainda mais as minhas dúvidas. A velocidade foi abrandando, até a mota parar junto a uma árvore ali ao pé. Saí do lugar donde me sentara, soltando os braços do peito de Paul. Admito que ele tinha o seu encanto, mas também não ia dar muita relevância nesse termo.
Desci o encalço de relva verde e escassa que parecia cada vez mais rasa, até descobrir um animal estendido no chão, imóvel e sem vida. Levei a mão à boca, pois mal podia acreditar naquilo que via. Paul aparecera junto a mim, mostrando uma expressão de insatisfação. Aquela situação não era normal, simplesmente não era. O que tinha causado tamanha atrocidade a um pobre ser como aquele?

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