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quarta-feira, 16 de março de 2011

Eternity - 7º Capítulo


Capítulo 7

Já estava de pé fazia algumas horas. Tudo parecia estar calmo e reconfortante, o que me provocava um certo arrepio pela espinha acima. Tudo o que significava aquelas situações parecia querer dizer problemas. Não sabia se eram directos para mim ou para algo em concreto, mas de certo que me provocava curiosidade. Olhei pela janela do quarto e via-se as folhas acastanhadas a pairar sobre o vento quase a tocarem no chão, enquanto algumas já lá estavam. Paradas no tempo e agarradas ao único vínculo que as mantinha sobre a terra.
Rapidamente fiz a cama e me calcei, deixando a camisa de pijama relaxada sobre a cadeira que permanecia imóvel junto à parede. Vesti novamente a minha roupa e saí do quarto, descendo o andar onde estivera. Procurei pela senhora Howell mas parecia não estar em casa. Devia ter saído, pensei. Parei na sala para pensar no que poderia fazer. Podia começar a reunir pistas para a missão. Ou então dar uma limpadela à casa, como sinal de respeito e bom grado perante Christine. E assim fiz.
Saí de casa e fui procurar uma vassoura às traseiras da casa. Com sorte, consegui encontrar uma, que estava encostada ao apanhador, mais um saco de plástico. Voltei para a entrada e comecei a varrer as folhas encrespadas, deixando apenas o verde da relva colorir o espaço do pequeno jardim. Ajeitei o meu cabelo para trás e continuei, apesar de saber que o trabalho ainda era muito. Pouco tempo depois, uma pequena parte já estava. Só faltava mesmo dar um jeito nas plantas e já estava tudo. Arregacei as mangas e voltei ao trabalho.
Senti algo no ar que me parecia conhecido. Olhei para a estrada que se avinhava ao pé da casa e uma mota se aproximava, diminuindo cada vez mais a velocidade até chegar à beira do passeio e parar por completo. O condutor tirou o capacete e pude ver quem era. Já seria de esperar que era o Paul. A mota dele estava exactamente igual às primeiras vezes que a vira. No entanto, a minha atenção captara os olhos de Paul. Continuavam na mesma pureza dos castanhos profundos e sentia-me estranhamente bem quando ele estava perto de mim.
- Vê-se que já meteste as mãos à obra. – Disse, assim que saiu da mota e se começou a dirigir na minha direcção.
- Tenho que fazer algo para ajudar a minha avó. – Respondi atrapalhadamente. Apesar de estar desconfortável naquela situação, consegui pelo menos arranjar uma mentira que se justificasse. – Acho que ajudar é o mínimo que posso fazer.
A sua compostura mudou ligeiramente e ajoelhou-se, pegando no saco que tinha pousado ao meu pé. A sua mão quase se encostou à minha mas não pude deixar de sentir o calor repentino que se transmitiu no mesmo instante. Parecia algo transitório. Nunca sentira algo assim desde que me tornara um anjo. Todas as dedicações e todas as devoções eram somente mostradas ao nosso único senhor, não deixando que nenhuma crença fosse abalada. Podíamos manter amizades apenas com alguns dos nossos em que plenamente confiássemos.
Deixei aquela escusada imagem sair da minha cabeça como se fosse um suspiro. Embora eu quisesse fazer as coisas por mim própria, ele insistiu para que eu o deixasse ajudar. Mais uma mão era bem-vinda, mas gostava de fazer as coisas por minha própria iniciativa. Apreciava toda a ajuda, mas era escusado. Não obstante, deixei-o ajudar. Enquanto eu arrastava lentamente as folhas para o apanhador, ela abria o saco negro e metia as folhas lá para dentro. Estava tudo tranquilo e uma estranha aura se reflectira de novo sobre mim.
Por um momento desequilibrei-me e acabei por cair sobre a relva espessa, trazendo Paul comigo. Quando me apercebera que ele estava mesmo por cima de mim, encostando o seu corpo ao meu com uma extrema facilidade, senti a minha cara a arder de vergonha. Os seus olhos nunca deixaram os meus por um segundo que fosse. As suas mãos suportavam-se contra a firme terra. Senti uma atracção um pouco peculiar por ele. Ele era invulgar, novo no meu conhecimento e alegadamente giro.
- Não achas que devias sair de cima de mim? – Perguntei ainda embaraçada com o momento que achei ser inoportuno demais.
- Sim…claro. Desculpa. – Respondeu de forma atrapalhadamente envergonhada.
Ergueu a sua mão na minha direcção e ajudou-me a levantar do chão, sacudindo todas as partículas de terra que tinha entranhadas na minha roupa. Ainda assim, uma corrente eléctrica percorreu novamente o meu braço e o meu coração bateu de uma forma repentinamente rápida. O que seria aquela sensação? Já não havia sido a primeira vez que a sentira, mas havia algo de estranho. Não sabia bem porquê mas algo me dizia para não duvidar dos meus sentidos.
Vi a senhora Howell aproximar-se da entrada. Larguei a mão de Paul e fui ajudá-la a entrar, levando metade das compras que trazia nas suas mãos delicadas. Enquanto isso, Christine fizera questão em que ele ficasse para jantar. Assentiu afirmativamente e entrou também dentro de casa. Passadas algumas horas, fomos jantando com a conversa a interpor-se a cada momento de exactidão. Christine apenas nos agradeceu por lhe termos limpo o jardim. Fiquei ligeiramente corada, mas ainda assim respondi que não tinha sido nada de especial.
Que havia sido apenas algo para retribuir toda a sua gentileza. Quando já estava na hora de ir dormir, levei Paul à porta. Ele apenas disse que voltaria para nos fazer uma visita, dando-me um suave beijo na face. Deixando-me por minutos sem fala perante tal gesto. Fechei a porta sem fazer o mais pequeno barulho e fui para o meu quarto, mudando de roupa. Enfiei-me por debaixo dos lençóis e adormeci ainda a recordar todas as coisas que haviam acontecido. Não sabia dizer se Paul era especial, mas sabia que sentia algo por ele.

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