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quarta-feira, 23 de março de 2011

Eternity - 9º Capítulo, 2ª Parte


Capítulo 9, Parte 2

Recuei alguns passos até lhes perder a conta, mas nem isso mudava o meu estado de espírito. Acabei por ficar encostada a uma árvore que me prendia o meu seguimento, enquanto o lobo se aproximava cada vez mais. Mas foi então que se deu algo estranho. A cada avanço por ele dado, parecia estar a tomar uma forma humana. Foram aparecendo mãos em vez de patas exuberantes e tudo se modificara. Foi então que paralisei mesmo, pois não estava mesmo a acreditar naquilo que via.
- Não posso acreditar. És… - Já não sabia bem o que dizer. Mas agora via algo que nem estar a acontecer ou que já tivera acontecido. Paul era um lobo. Ou melhor, um lobisomem.
Foi esconder-se atrás de uma árvore, enquanto vestia novamente algumas roupas que estavam escondidas por ali. Avançou novamente na minha direcção, mas agora tinha mais medo dele do que da sua anterior forma. As minhas asas estavam arrepiadas, implorando para que fugisse enquanto ainda era tempo. Voltei a dar alguns passos para trás, desviando-me da árvore que me prendia. Mas entretanto, ele agarrara no meu braço com muita facilidade e puxou-me para si.
Senti a minha cara arder com a temperatura que rondava o seu corpo. Estava quente e reconfortante, mas ainda assim sentia inúmeros arrepios pela espinha. As suas mãos ajustaram-se nas minhas costas, enquanto a minha cabeça repousava pacificamente no seu peito. As minhas asas já não estavam tão agitadas como se fizeram parecer. Senti uma suave e quente sensação por elas, deixando-as bastante descontraídas.
As folhas murmuravam ruidosamente pelos assobios do vento, enquanto este arrastava as suas correntes pelos espaços verdes que cobriam a floresta. Nada ouvia. Estava tudo em silêncio, apenas reflectindo sobre tudo o que tinha acontecido naquele pequeno espaço de tempo. E o tempo parecia parado à nossa volta, apenas sentindo as vibrações e escutando o som da natureza em si. Mas agora que sabia que ele era um lobisomem, certamente ele já saberia que eu era um anjo só pelo facto de ter as asas visíveis aos olhos de qualquer ser humano.
O seu abraço era cada vez mais reconfortante, enquanto as minhas asas recebiam cada gota de luz solar. Não brilhavam com o reflexo mas apenas as tornavam cada vez mais brancas até chegar a uma cor que quase não se podia dizer se era branco ou transparente. Mas por que é que ele estava a regalar-me com tamanha simpatia? Eu não a merecia de todo. No entanto, ele continuava com os seus braços agarrados ao meu corpo. Foi então que com uma mão me levantou o queixo, fazendo-me olhar directamente nos seus olhos. Continuavam com a mesma profundidade e com o sentimento que os moldava de forma acentuadamente querida.
O meu coração batia de forma acelerada, à medida que a sua face se aproximava da minha. Os seus lábios rapidamente encontraram os meus, deixando-os atordoados pelo simples acto de o ter feito. Eram suaves mas quentes. Correspondi-lhe, movendo lentamente o movimento dos meus à medida que os seus seguiam o ritmo. Naquele momento, já não sabia o que se passava. Deixei-me levar pelo estranho sentimento, opondo-me de certa forma à principal razão que me trouxera cá.
A natureza de certo estaria a observar-nos, soprando com cautela pequenos mas cálidos assobios por entre as copas das árvores. Dava harmonia e isso era bom para qualquer pessoa que assim o desejasse. Não obstante ao momento em si, todas as palavras de Alphonse tilintaram na minha cabeça de forma repentina. Tudo o que ele me dissera sobre os lobisomens e sobre as outras criaturas que por aqui habitavam era necessário o máximo cuidado. E tomar medidas, se a situação assim o quisesse.
As minhas mãos foram ao encontro da sua nuca, trazendo-o com mais afinco para junto de mim. Cada parte, cada momento que decorria naquele segundo era do mais estranho e peculiar que me podia acontecer. Mas não sabia mesmo o que estava a fazer. Seria correcto ou incorrecto? Incertezas deste género começam a encher cada canto da minha mente, mas tudo se resumia naquele momento. Aquilo que sentia por Paul parecia-me verdadeiro. Mas sentir aquilo tudo seria tudo parte de um padrão natural recebido como uma bênção de um sítio por mim desconhecido?
O medo que sentira quando o vi na sua forma de lobo desvaneceu-se por completo. Estava a sentir algo por ele que me puxava para junto dele. Os nossos lábios moviam-se em conformidade com os sentimentos de cada um de nós. A terra permanecia no seu estado, como se nada tivesse acontecido desde aquele incidente com o animal a esvair-se em sangue. Mas nada disso alterou aquilo que se passava e que a natureza parecia estar a observar.
Não sabia se era normal ou não ter aquele sentimento, mas era uma boa sensação. Tudo o que fosse relativo à missão ou ao propósito de tudo o que se tivesse passado ficou fechado num canto inferior da minha mente. Continuei a beijá-lo com suavidade como também ele fazia e isso era a única coisa que parecia importante para mim.

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