Capítulo 2
- Bom dia, pequena. – Disse-me, levantando-se do sofá. – Dormiste bem?
- Sim, muito obrigada. – Respondi sorrindo. – Acho que agora tenho que ir indo. Obrigada pela sua hospitalidade, senhora Howell.
- De nada, pequena. Mas por que é que tens de ir? – Perguntou, deixando um sorriso meio triste meio contente.
- Porque não quero nem desejo aproveitar-me de si. Só sei que tenho que seguir em frente.
- Podes ficar por cá. – Juntou as suas mãos delicadas às minhas. - E assim sempre tenho alguma companhia.
Mais uma vez agradeci e dissera-lhe o meu nome, para assim parar de me chamar de pequena. No entanto, nunca pensei receber tanta coisa. Nunca pedira nada de especial, no entanto, recebia sempre aquilo que não merecia. Tal e qual como a eternidade que me mantia acorrentada ao outro mundo. Como podia sentir o tacto e aquelas numerosas sensações se nem de perto nem de longe estava viva? Eu não merecia aquilo tudo. Pouca coisa me lembrava da minha vida anterior e daquilo que sempre aprendera era não abusar dos outros e da sorte que sempre recusava, quando me batia à porta.
* Flashback
Estava deitada sobre uma nuvem densa e dispersa por uma área vasta daquilo que eu alguma vez poderia imaginar. Não sabia de todo como passar o Paraíso mas algo se decifrara no preciso momento em que Alphonse aterra lentamente os pés desnudados ao pé de mim, encolhendo as suas asas brancas. As suas vestes continuavam da mesma forma como sempre se viam: uma camisa esbranquiçada nas pontas enquanto o resto se mantinha num castanho claro, assim como as suas calças. Todos tinham a sua própria liberdade de escolher o seu vestuário. Simplesmente adoptara o mesmo estilo que tivera quando ainda estava viva, o que não ajudava de muito. Assim como o cabelo loiro que tinha que tanto ansiara por tingi-lo de uma outra cor que mais se parecesse comigo e com o meu interior.
- Sabes que daqui a nada tens que ir falar com o arcanjo, não sabes? – Perguntou sarcasticamente Alphonse, sacudindo as minúsculas partículas de água que entravam pelas aberturas nas pontas das calças.
- Se não soubesse, andava a deambular por aí a pensar se deveria ou não ir. – Respondi da mesma maneira. Espicaçá-lo era aquilo que fazia de melhor quando sobrevoávamos o céu eterno daquele misterioso mas belo paraíso.
- É a tua missão, Cassie. Tens de ir. Todos temos um propósito para ainda existirmos nesta forma. Apenas… - Hesitou, porém pareceu trocar de palavras constantes e continuou. – Tens que ir.
- Se tem mesmo que ser… - Levantei-me e ajeitei o meu vestido.
Alphonse pensou que seria uma boa altura para me espicaçar também e pegou em mim com muita facilidade, levando-me a ver as suas asas a abrirem-se totalmente para trás e a levantarem voo, comigo nos seus braços. Ele ia pagar-mas. Eu não gostava nada quando ele me fazia aquilo, muito menos quando era contra a minha vontade.
* Fim do Flashback
Ouviu-se a porta a ser batida por alguns toques rígidos. Dissera à Christine para se deixar estar sentada que eu ia lá. Quando cheguei à porta, senti algo estranho que me percorreu a espinha em forma de receio precoce. O que seria que estaria para lá daquela porta? Abri-a cuidadosamente, deixando a claridade do sol entrar enquanto me deparava com quem estava do lado de fora da casa.
1 comentário:
Eu adorei! Acho que agora vai começar a verdadeira aventura!
Ansiosa por mais!
Bjs
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